VIRADOURO CAMPEÃ 2024 – Protagonismo mulherista “ Dangbé, vodum, arroboboi.”
A Viradouro, a última desfilar, já na manhã de terça-feira (13), a agremiação do Barreto liderou a apuração de ponta a ponta e, nas notas válidas, gabaritou os quesitos, também detalhou as crenças voduns de povos africanos e na força das mulheres da Costa da Mina, uma poderosa irmandade de guerreiras,
Vodum não é ‘vodu’, ser confundido com o culto iorubá/nagô não é o único mal-entendido que prejudica a tradição jejê.
Muitos associam ou mesmo restringem o Vodum aos bonecos de vodu, que na ficção aparecem sempre espetados, como forma de ferir um desafeto, até existem bonecos, mas são amuletos para pedir proteção e saúde.
Dangbé: cobra que engole a própria cauda, em que nada principia nem finda, ou tudo avança, tudo retorna.
A sinopse diz, que no mundo cristão “a imagem da serpente foi constituída a partir de um viés negativo e reduzida ao campo do maligno, sendo apresentada como a figura mitológica que induziu ao pecado original no Jardim do Éden, mas, para diversos sistemas de crenças, o animal tem poderes de regeneração, vida, transformação e recomeço.”
As guerreiras minô
A nação forjada na vitória com a ajuda de uma cobra formou um exército de mulheres imbatíveis, as guerreiras minô.
As guerreiras africanas mino, também conhecidas como Dahomey Amazons, eram mulheres guerreiras do antigo Reino de Dahomey, localizado na região que hoje é conhecida como Benin. Essas guerreiras eram recrutadas entre as melhores lutadoras da sociedade e treinadas desde jovens para se tornarem guerreiras habilidosas e disciplinadas. Elas desempenhavam um papel importante na defesa do reino e participavam ativamente das campanhas militares ao lado dos soldados masculinos. As guerreiras mino eram temidas por sua destreza em combate e muitas vezes lideravam ataques surpresa contra os inimigos do reino. Sua história destaca não apenas a presença de mulheres como combatentes em contextos históricos, mas também a importância da igualdade de gênero e do papel das mulheres na sociedade africana pré-colonial.
Ludovina Pessoa
Com a missão de perpetuar os cultos voduns no Brasil, Ludovina Pessoa, que segundo a tradição oral seria uma guerreira minô, tornou-se o pilar de terreiros, entre eles o Seja Hundé, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, e o terreiro de Bogum, erguido no coração de Salvador. Aqui, foi nomeada Gu Rainha.
No Bogum, casa centenária de liderança feminina, foram plantadas sementes de liberdade, tornando-se importante local de apoio à Revolta dos Malês, levante abolicionista ocorrido em Salvador na primeira metade do século 19.